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Prisão de funcionário sem condenação: entenda os direitos e deveres

Quando um empregado é preso, mas ainda não há uma sentença condenatória transitada em julgado (ou seja, a decisão final da Justiça que não permite mais recursos), o contrato de trabalho é legalmente suspenso.

A suspensão do contrato de trabalho: o ponto de partida

A suspensão do contrato é um período de pausa nas obrigações principais de ambas as partes.

Para o empregado:

• Pausa nos ganhos: Durante o tempo em que você estiver preso, o empregador não é obrigado a pagar seu salário.

• Interrupção de benefícios: O tempo de prisão não conta para a aquisição de direitos como férias, 13º salário, nem para os recolhimentos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e da Previdência Social.

• Vínculo mantido (temporariamente): Seu contrato não é rompido automaticamente; ele apenas fica em uma espécie de "pausa" legal, aguardando o desfecho da situação judicial.

Para o empregador:

• Isenção de obrigações: Durante a suspensão, a empresa fica isenta do pagamento de salários e da realização de depósitos de FGTS e contribuições previdenciárias.

• Comunicação essencial: É altamente recomendável que a empresa envie um comunicado formal ao local da prisão (delegacia, presídio, etc.), informando sobre a suspensão do contrato de trabalho. Isso serve para documentar a situação e demonstrar transparência e boa-fé.

O retorno à liberdade e a reativação do contrato

Se o empregado recupera a liberdade – seja por absolvição, por ser liberado para aguardar o julgamento em liberdade, ou por qualquer outro motivo que não uma condenação definitiva – ele tem o direito de retornar às suas funções.

Para o Empregado:

• Direito de reintegração: Você poderá retomar seu posto de trabalho nas mesmas condições que tinha antes da prisão, com seus direitos e deveres restabelecidos a partir do dia de seu retorno efetivo.

• Sem retroatividade: O período de suspensão do contrato não gera direitos de forma retroativa, ou seja, a empresa não precisa pagar salários ou benefícios referentes ao tempo em que o contrato esteve suspenso.

Para o empregador:

• Obrigação de reintegração: Uma vez que o empregado retoma a liberdade e se apresenta para o trabalho, caso não tenha realizado a rescisão, a empresa deve reativar o contrato e permitir seu retorno às funções.

• Registro claro: É aconselhável ter um registro formal da data em que o empregado foi liberado e quando ele se apresentou para retornar ao trabalho.

A rescisão do contrato durante a prisão: possibilidades e cuidados

A empresa tem a possibilidade de realizar a rescisão do contrato de trabalho sem justa causa durante o período de suspensão devido à prisão do empregado. Contudo, essa decisão exige extrema cautela.

Para o empregador:

• Risco elevado: Rescindir o contrato sem justa causa nesse período pode expor a empresa a um risco significativo de futura ação indenizatória, especialmente se o empregado for absolvido ou se a detenção for considerada injusta pela Justiça. A Justiça do Trabalho costuma valorizar a continuidade do vínculo.

• Verbas rescisórias: Caso a rescisão seja efetivada, todas as verbas rescisórias (saldo de salário, aviso-prévio indenizado, férias proporcionais + 1/3, 13º salário proporcional, multa de 40% do FGTS, guias para saque do FGTS e seguro-desemprego) devem ser calculadas sobre o período trabalhado antes da prisão e pagas rigorosamente nos termos e prazos da legislação.

Para o empregado:

• Direitos rescisórios: Se a empresa optar pela demissão sem justa causa, você terá direito ao recebimento de todas as verbas rescisórias aplicáveis, como em qualquer outra demissão sem justa causa.

• Possível indenização: Caso você seja absolvido ou a detenção seja considerada indevida posteriormente, pode haver base legal para buscar uma indenização na Justiça do Trabalho pela rescisão que ocorreu durante a suspensão indevida.

Conclusão: Transparência e assessoria jurídica são essenciais

A situação da prisão de um funcionário sem condenação definitiva é complexa para ambos os lados. Para o empregado, é um momento de vulnerabilidade e incerteza sobre o futuro profissional. Para o empregador, exige decisões assertivas para manter a conformidade legal e evitar futuros litígios.

Para empresas: Mantenha a comunicação documentada e transparente. A suspensão do contrato é a regra e a opção mais segura, mas os riscos devem ser avaliados. Buscar assessoria jurídica especializada é a melhor forma de proteger sua empresa.

Para empregados: Mantenha sua família ou advogado informados sobre seu status judicial e instrua-os a comunicar a empresa. Ao ser liberado, apresente-se imediatamente para retomar suas funções. Em caso de dúvida sobre seus direitos, procure um advogado trabalhista.

A conformidade legal e a proteção dos direitos são a base para relações de trabalho justas e seguras.

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